quarta-feira, junho 30, 2004

A ida e a volta do pêndulo

Ele retira as mãos de sob as dela, respira profundamente, e busca com o olhar a ação fora da janela. Ela poderia permitir o silêncio, estalar uma impaciência ou contestar com um palavrório.

Ao invés, ela estica o braço sobre a mesa que os separa, desliza os dedos pelo pescoço dele, prende delicadamente o lóbulo de sua orelha entre os dedos indicador e médio e lança-lhe uma pluma com o olhar.

Ele inclina a cabeça para melhor receber o carinho, olha para baixo, envergonhado e sorrindo, e estende-lhe uma ponte.

Interrompido

Levaram embora as luzes acesas, os sons de realejo, os caminhos bifurcados e os frios no estômago. Atrelaram-me a um metrônomo e cassaram o meu sono profundo.

Montaram-me uma paisagem de paredes brancas.

Meu futuro - o meu próprio futuro! - mudaram-no de lugar.

sexta-feira, junho 18, 2004

Um mar de rostos

Cada um tem um nome que não vem ao caso. Um por um, desviam rosários particulares, procurando não cruzar olhares. Dessincronizadamente, inconseqüentemente, aumentam o múrmurio que, transformado num zumbido, derrota a atmosfera e incomoda os ouvidos de deus.