segunda-feira, janeiro 07, 2008

O passo para fora

Tinha culpa por ter as costas em gravetos que, ao sustentar o peso do globo terrestre, estalavam em alarme? Culpa por se prender mais do que os outros ao lodo do mundo? Por ter as mãos amarradas da hesitação e a voz que aterrava atrasada à boca, com o pouco fôlego de um maratonista a quem não se estende mais a fita de chegada? Alguém lhe apontaria o dedo, balançando em reprovação a cabeça, por trazer consigo um espelho mais manchado que os dos outros, vendo apenas um caco de si, quando por si procurava? Quem lhe atiraria ao rosto piedade ou repreensão pelo passo dado para fora, por largar esse cortejo obstinado, que não se queda à irresolução, por comer da farinha da morte? Quem dessas belas criaturas o condenaria por não querer participar desse grande plano do deus das coisas perfeitas?

1 comentário:

Anónimo disse...

digníssimo, tu és foda!
num abandona o próspero não, rapaz.