quinta-feira, março 17, 2005

Instrumentação

Haja rodar nesse mundo meio-penumbra. No sonho, eu percorro o Globo a passos de sete léguas, sempre mirando o Leste. Não há pausa de descanso, pois o desmantelo está sempre nos meus calcanhares, bafejando a minha nuca, e eu tento manter-me sob a luz do dia.

Até que uma saudade, uma água pesada na qual estou imerso desde o meu nascimento, arrasta-lhe para dentro do meu mundo dormido e interrompo a minha corrida para novamente respirar o seu hálito quase esquecido. Eu toco sua face, como se espalhasse areia, e você se desfaz. E todo o redor mergulha numa madrugada de nanquim.

E, se tivesse voz, você diria, entre o consolo e a repreensão: "É sempre noite em algum lugar".

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