sexta-feira, novembro 25, 2005

Longe da árvore de natal

Se você calar uma dor no fundo, eu a tomarei como meu tumor de estimação. Se você trouxer do céu cheio de nuvens mais uns tantos jeitos de chamar o meu abraço, eu lhe darei as portas, as janelas e o pátio da minha casa ensolarada. Se você sentir frio durante a noite, eu aumentarei o meu calor para dividi-lo. Se você falar durante o sonho, eu colecionarei suas histórias para lhe impressionar na vigília. E trarei de volta os seus reinos submersos, cursos dos rios que desaguaram no teu travesseiro. Eu desenharei mapas para que você me encontre em novas moradas, domarei éguas noturnas para seu passeio tranquilo. Se você encostar seu maxilar no meu pescoço, eu terei ido e voltado sobre aquela ponte que eu nunca atravessei, leve das assombrações que moravam do outro lado. Eu, o mais operoso dos meus fantasmas, lograrei meu primeiro sono em casa, como um lápis respira antes de desenhar um poema numa folha de papel.

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