domingo, maio 08, 2005

O dom

Meu tempo terá panos azuis ao fundo, um ar amarelado de fotos vetustas, uma certeza pétrea do alcançado e a levidade dos bons ventos. E eu terei a sabedoria daquele que, por eras, debruçou-se a ler num quarto escuro. Trarei uma praia branca em cada bolso e um desinteresse amoroso pelas coisas do mundo. E você terá o sinal. Trará em si a minha fleuma e o controle que eu queria ter. Será, a um tempo, cama e acalanto. Tomará o meu rosto em suas mãos, como se faz com a água de um riacho. E saberá, pelos olhos que pôr em mim, de todo o sentido que eu quero que saiba. E dirá que tudo é bom e que nada é mais.

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