domingo, maio 01, 2005

Meu sobressalto

O que você não diz eu recolho das frestas entre as suas palavras. Entre você e eu mora a minha perplexidade. Eu me assombro dos seus silêncios prolongados, do seu instante congelado, do meu ar suspenso. O que você não diz é um vulto que atravessa uma porta de uma casa vazia, uma conversa sussurrada entre parentes mortos, um rosto na janela. Meu sobressalto, minha antoiança. Um dedo que percorre a extensão da minha espinha. Eu me espanto de você, como alguém olha uma estátua que, de repente, ergue as pálpebras, mostrando os olhos brancos.

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