quinta-feira, agosto 11, 2005

Chapéu no peito

Termina com um grito engolido no seu primeiro pulo, um soluço ácido. Termina com as nuvens fechando-se, transformando palco em cochia, a luz ardendo os olhos sentados, espantando a audiência. Termina com um menear de cabeça, o chapéu no peito, a solenidade patética do destino abortado. O futuro que errou o caminho dói como um canteiro careca de flores. Em algum lugar fora dele nós nos alcançamos, fora desse tempo que era meu e que se perdeu, o caminho não construiu um beco, os muros - altos como a azia de uma palavra não dita - não se fecharam sobre mim. Naquele outro lugar eu não presto visitas diárias a um túmulo, sobre o qual eu planto os meus segredos. As flores mais lindas da minha criação brilhando no silêncio.

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