terça-feira, agosto 30, 2005

Fronha da minha quietude

Eu dou-lhe a mão espalmada para conter a sua e é um caminho de volta que elas percorrem no ar. Os seus dedos sobre a minha vista e eu não sou mais o medo da visita fora do olho mágico, o homem que viu outro cair pela janela, o contrapé do mundo rodado. Eu sou um peito cheio do peso da sua cabeça, uma pálpebra em que se imprime um lábio, uma folha que roda no grito do dia, a janela que carrega em si o mundo inteiro. Eu sou o ar desenhando a música, o riso escapado, soluçado, do homem taciturno, um riso que escavou anos entre argila e rochas e areia até mostrar-se ao sol, um sachê de cheiro iluminando o guarda-roupa. E no espaço oco entre o meu espanto e a minha explosão, você redesenha as linhas da minha mão, e escolhe por mim a direção no caminho bifurcado.

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