quinta-feira, abril 21, 2005

O mundo arrodeou

Eu, que nado mal entre os acontecimentos, que bóio desavisado na maré das coisas. Ocupado em ocultar nuvens escuras atrás de um céu azul, fui me engajando em não ouvir um murmúrio crescente que se avolumava às minhas costas. Era um rumor de água espumada, de pedras assaltadas, de encontros de espadas líquidas. Era um tropel da cor do limo, o som de milhares de cascos lançados numa onda. E eu, minha linda, quando o chão voltou a dar piruetas, fui colhido nessa vaga, levado para o fundo, o ar contado nos pulmões. Eu fui submerso pela rebentação dos tempos.

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