sexta-feira, julho 29, 2005

A mão sobre a boca

O meu silêncio é a mancha que turva a água, é a arma deposta aos pés, à guisa de semente. Meu silêncio é uma tosse engolida, é a tampa da garganta, é o desviado dos passos na boca do beco escuro. Meu silêncio é o de um analfabeto perante o muro alto de uma palavra, confundindo-se sombra, esquecendo-se gente. É um osso exposto, saltado da carne como um animal subterrâneo rompe o lacre da terra. Meu silêncio se alardeia, estandarte de lágrima, arde na vista como o vermelho no preto. Ao esconder-se, propaga-se, propõe adivinhações, levanta sombrancelhas e prega olhares. Meu silêncio é um farol, a dor que afugenta os barcos.

Sem comentários: