domingo, julho 03, 2005

Bem junto com a rua o mundo acabava

Eu, na janela, ouvindo a conversa do vento e desfiando a vista. Era um bairro suspirando por sua própria invenção. E foi o prédio concretado do costume que me fez querer você à mão, ter novamente com quem dividir os meus olhos improváveis. Dizer veja, numa poça d’água, um raio de luz tornar-se uma dançarina a girar sobre os pés, desfazendo-se do próprio peso, veja um coqueiro fazer reverências ao vento, as nuvens acelerarem o passo da tarde, um gato equilibrar-se entre a guerra de dois quintais, veja um horizonte contar a história do campo que esconde, o plano de deus terminar em ponto e vírgula e o mundo ignorante de seu próprio fim. Uma tarde que se perdeu em mim, e eu perdido nela, por ser o único confidente do seu caminho coberto. Para quem mais eu mostraria os pássaros voando em ritmo de valsa: duas ascenções e uma queda? A quem eu sugeriria música de suas asas?

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